Por trás da elegância, um corpo que carrega cicatrizes. Por trás das lentes, um olhar treinado, não apenas para posar — mas para criar. Felipe Carrete, 31 anos, é o retrato vivo da resiliência na moda. Modelo, performer visual e artista, ele começou sua jornada no backstage, produzindo imagens para outras pessoas. Hoje, ocupa o centro dos holofotes, com estilo e propósito.
"Comecei a modelar por hobby, em 2017. Já trabalhava com audiovisual e conhecia o impacto de uma boa imagem. Um dia, resolvi aplicar isso em mim — e funcionou", conta Felipe, em tom sereno, mas seguro. O que era passatempo virou arte. E a arte virou profissão.
O renascimento após o silêncio do corpo
Abril de 2022 mudou tudo. Um acidente grave o afastou das câmeras e da passarela. Mais de um ano sem andar.
"Pensei em desistir. Como continuar em uma carreira onde o corpo é ferramenta, se ele me falhava?", relembra. Mas Felipe não se permitiu parar.
Ele voltou. Carregando sequelas, sim. Mas também, carregando mais história, mais presença.
"Hoje, minhas marcas falam. Elas são parte do que me faz único", diz.
Na era dos filtros e da perfeição encenada, Felipe propõe outra narrativa: a da autenticidade. Com um visual camaleônico e uma entrega emocional intensa, ele transita entre editoriais, performances e projetos autorais, sempre trazendo sua identidade à tona.
“Não sigo padrões, sigo sentimentos. Cada trabalho é uma nova persona que habito.”
Estilo com alma, imagem com verdade
No set, Felipe é mais do que um modelo. Ele participa da criação, entende o conceito, interpreta a roupa.
“Me conecto com o look, com o personagem. A moda para mim é um ato de contar histórias.”
Apesar de sua formação não ser técnica no início, sua escola foram os fotógrafos — e muitos deles o ajudaram a moldar a sensibilidade estética que carrega hoje.
“Cada fotógrafo tem uma linguagem. Trabalhar com tantos estilos me tornou versátil, mas com uma assinatura própria.”
Europa no radar: um novo capítulo se desenha
Com uma trajetória sólida no Brasil, Felipe agora mira alto: quer cruzar fronteiras e levar sua arte para a Europa.
“Roma e Milão são meus sonhos. A moda italiana é sofisticada, teatral e intensa — tem tudo a ver comigo.”
Enquanto prepara novos trabalhos — incluindo personagens inspirados em obras literárias e um curta-metragem — ele segue sua rotina com disciplina digna de atleta: treinos diários, alimentação consciente e cuidados com a saúde mental.
“Meu corpo é meu instrumento, mas minha mente é a direção.”
O legado? Ser lembrado pelo que foi verdadeiro
Ao ser questionado sobre como quer ser lembrado, Felipe é direto: “Como um artista da imagem. Um modelo com personalidade, autoral, que não seguiu tendências — mas criou a sua.”
Entre bastidores, passarelas e flashes, Felipe Carrete prova que o verdadeiro luxo na moda é ser autêntico. E sua caminhada, mesmo com cicatrizes, é puro estilo — com alma.
